Os 7 piores dias do planeta Terra
Por
Cesar Grossmann em
20.03.2013
as 14:16
O planeta Terra tem cerca de 4,5 bilhões
de anos, e nestes anos já viu muitos dias ruins (realmente ruins, com
colisões planetárias, chuvas de fogo, gelo de polo a polo, nuvens
tóxicas e tudo o mais). Confira sete dos piores dias que o globo já
passou:
7. O impacto com Theia
A formação do planeta Terra foi um período de grandes impactos.
O que era um anel de gás e poeira foi formando “grumos”, que por sua
vez se juntaram para dar forma ao planeta. Depois de alguns milhões de
anos, a crosta da Terra já havia esfriado e solidificado, quando uma
aproximação com um outro planeta acabou da pior forma possível: em uma
colisão que lançou a atmosfera e parte da crosta terrestre no espaço.
O planeta hipotético que teria colidido com a Terra no início da sua
“vida” recebeu o nome de Theia, e teria se formado ao mesmo tempo que o
nosso, na mesma órbita. Com 10% da massa da Terra, mais ou menos o
tamanho de Marte, o núcleo de Theia afundou e se tornou parte do núcleo
terrestre, enquanto um pedaço de sua crosta se misturou a nossa crosta e
também à massa que entrou em órbita.
Essa massa que entrou em órbita formou primeiro um disco de matéria,
como os anéis de Saturno, e depois se agregou em um novo corpo, a lua.
Com sua órbita inclinada, o satélite estabilizou a rotação da Terra que,
sem o seu constante puxão gravitacional, estaria sujeita ao dos outros
planetas, o que desestabilizaria seu eixo.
6. O intenso bombardeio tardio
Levou cerca de 150 milhões de anos para a crosta terrestre resfriar e
se solidificar novamente, quando outro “dia ruim” chegou: o
intenso bombardeio tardio.
Por alguma razão desconhecida, depois que os planetas rochosos já
estavam formados (e por isto o nome de “tardio”), uma chuva intensa de
trilhões de asteroides e cometas atingiu o sistema solar interior. As
causas podem ser alguma instabilidade nas órbitas dos gigantes gasosos,
embora existam outras hipóteses.
Neste bombardeio, asteroides imensos atingiram o planeta. Alguns
cientistas supõem que foi um período em que a vida se formava para em
seguida ser apagada por um asteroide, e isto teria se repetido várias
vezes.
Mas não há evidências na crosta terrestre deste bombardeio, que durou
cerca de 200 milhões de anos. Qualquer cratera da época, cerca de 4,1
bilhões de anos atrás, foi apagada pela erosão.
As evidências deste bombardeio estão na lua, que tem algumas de suas
maiores crateras datando daquela época. Qualquer chuva de asteroides que
tenha atingido o satélite naquela época certamente atingiu a Terra
também, além de Vênus, Mercúrio e Marte.
Mas há um ponto positivo no intenso bombardeio tardio. Alguns
cientistas especulam que os metais que utilizamos hoje, entre eles
platina, prata e ouro, foram depositados por estes asteroides, já que os
metais que faziam parte do planeta teriam mergulhado para seu centro
durante a fase em que a Terra estava liquefeita.
5. Terra bola de neve
Este foi um cataclismo que durou centenas de milhares de anos, chamado
Terra bola de neve, um período em que a Terra congelou completamente. E não só uma vez, mas várias vezes.
Durante uma era do gelo típica, as geleiras avançam dos polos em
direção ao equador, atingindo, do lado norte, as regiões que hoje
correspondem à Nova Iorque, nos Estados Unidos, e Paris, na França. Mas
quando aconteceram os eventos “Terra bola de neve”, toda a superfície do
planeta congelou, de polo a polo.
Os piores episódios de congelamento do planeta teriam acontecido
primeiro a 2,4 bilhões de anos, e depois, 600 milhões de anos atrás. Não
há evidências diretas destes períodos de congelamento, mas a hipótese
da Terra congelada explica porque há depósitos de glaciares em áreas que
já foram o equador do planeta.
E o que teria causado este cataclismo gelado? Talvez a própria vida.
Quando surgiu a vida, o gás que ela respirava era metano, um gás de
efeito estufa, que teria mantido o planeta aquecido até que surgiu a
clorofila na Terra, e os microrganismos passaram a produzir oxigênio.
O oxigênio oxidou o metano e produziu dióxido de carbono, e as
criaturas que viviam de metano morreram na assim chamada catástrofe do
oxigênio. O desaparecimento da camada de metano acabou com o efeito
estufa da época, e o planeta congelou.
A era do gelo provavelmente acabou por causa da atividade vulcânica
do planeta, que era mais intensa na época, o suficiente para descongelar
o planeta.
Curiosamente, depois de ambos os períodos de congelamento, a vida
floresceu no planeta com vigor renovado, causando a diversificação de
vida microbiana 2,4 bilhões de anos atrás, e a vida animal 600 milhões
de anos atrás.
4. A extinção ordoviciana
99% de todas a espécies que já existiram estão extintas, a maioria
por causa de eventos de extinção em massa. O primeiro destes aconteceu
durante o período ordoviciano,
450 milhões de anos atrás.
De todas as extinções em massa, a do ordoviciano é a mais misteriosa.
Como ela aconteceu há mais tempo do que todas as outras, as pistas
sobre o que ocorreu são as mais tênues.
A princípio, os cientistas acreditaram que a extinção foi causada por
uma era do gelo, mas uma nova hipótese está se formando: a de que a
Terra foi banhada por um disparo de raios gama. Este tipo de evento
acontece quando uma estrela explode ao longo de seu eixo, nas duas
direções, norte e sul.
Um disparo de raios gama que atingisse a Terra vaporizaria 1/3 da
camada de ozônio, expondo os seres vivos à doses letais de radiação e à
radiação UV, prejudicial a nós. Além disso, o raio gama romperia as
moléculas de nitrogênio e oxigênio, produzindo um nevoeiro de dióxido de
nitrogênio, o que causaria um desastre secundário – uma era do gelo.
Não há certeza se a suposta era do gelo foi causada por um disparo
gama, mas é certo que as criaturas vivas que se arrastavam na superfície
e camadas mais altas do oceano sofreram um decréscimo enorme, sugerindo
que foram mortas por raios UV.
Outra hipótese mais fantástica é a de que a Terra sofreu as
consequências de uma onda de choque. A galáxia viaja por um fluxo de gás
intergaláctico, e quando a Terra afasta-se acima ou abaixo do disco
galáctico, é exposta a raios cósmicos causados pelo aquecimento deste
gás na onda de choque à frente do sistema solar.
Isto acontece a cada 64 milhões de anos, o que corresponde a uma
diminuição e aumento da biodiversidade da vida a cada 62 milhões de
anos, que aparece no registro fóssil. Estarão ligados, estes eventos? É
uma hipótese que ainda está sendo desenhada e não foi testada, mas
parece poder explicar algumas extinções em massa na Terra.
3. A extinção KT
A extinção KT
(do nome das camadas que ela separa, o Cretáceo e o Terciário) é a mais
famosa. Aconteceu há 65 milhões de anos e foi causada pela queda de um
asteroide, Chicxulub, na região do Iucatã que tem o mesmo nome. Ela
liquidou os dinossauros e abriu caminho para o domínio dos mamíferos.
A novidade é que existe uma hipótese de que o asteroide Chicxulub não
foi o único causador da extinção KT; ele teria sido apenas um
coadjuvante. Um derramamento de lava que jorrou material suficiente para
cobrir mais de um milhão de quilômetros quadrados, jogando gases
tóxicos na atmosfera que poderiam alterar o clima da Terra, parece ser o
principal culpado.
Este derramamento de lava já estaria acontecendo quando o asteroide
Chicxulub deu o golpe de misericórdia nos dinossauros, na época já em
declínio.
Também pode ser que tal golpe de misericórdia tenha sido múltiplo,
com vários asteroides atingindo a Terra – Chicxulub não seria nem o
maior deles.
Os defensores dos múltiplos impactos apontam para uma estrutura
misteriosa no fundo do mar próximo da costa da Índia, que recebeu o nome
de cratera Shiva. Mas os críticos apontam que a estrutura pode nem
mesmo ser uma cratera de impacto.
E para quem está se perguntando se poderemos ter o mesmo fim dos
dinossauros, a resposta é sim. A passagem do asteroide 2012 DA14 e a
explosão do meteoro sobre a Rússia servem de aviso – isto pode acontecer
novamente. Foguetes e tecnologia serão suficientes para nos salvar?
2. A Grande Mortandade
Esta é a maior extinção em massa do planeta Terra, e uma que ainda
tem mistérios não resolvidos. Aconteceu a 250 milhões de anos atrás, e
resultou na morte de 95% de todos os seres vivos que haviam no planeta. Mais vidas morreram então do que em qualquer tempo antes e depois, até hoje.
Durante décadas, os cientistas procuraram por pistas para a causa de
tanta morte, e um dos culpados supostos seria um supervulcão da Sibéria
cuja erupção durou um milhão de anos e produziu o maior fluxo de lava de
que se tem notícia. O derramamento teria queimado plantas, liberando
gases tóxicos e de efeito estufa, causando um aquecimento global.
O problema é que até as plantas que conseguem sobreviver com gás carbônico sucumbiram. O que poderia ter causado sua morte?
Recentemente, uma nova hipótese foi levantada: a de que houve também
formação do gás sulfato de hidrogênio, que, combinado com o calor,
poderia ter causado a extinção em massa da época.
1. Apocalipse Solar
Em cinco bilhões de anos, o sol vai mudar: vai passar de anã amarela
para gigante vermelha quando seu hidrogênio acabar e ele passar a fundir
hélio para formar carbono. Neste processo, deve se expandir e ficar 200
vezes maior.
Enquanto expande, o sol vai engolir primeiro Mercúrio, depois Vênus, e
talvez a Terra – o destino do nosso planeta ainda não é conhecido; ele
pode ser empurrado para uma órbita mais alta ou engolido também.
De qualquer forma, o planeta Terra de então será bem diferente do atual.
A cada bilhão de anos, o sol fica 10% mais brilhante, o que significa
que em menos de 1 bilhão de anos o planeta estará brilhante o
suficiente para arrancar o gás carbônico da atmosfera, matando as pantas
que dependem deste gás para crescer e realizar a fotossíntese.
E não é só isso. Para nossa desgraça (literalmente), os oceanos vão
evaporar e toda a vida do planeta será extinta. A Era dos Animais deve
terminar em cerca de 500 milhões de anos.[
The Universe: Worst Days on Planet Earth]