Podemos constatar que os alunos de ensino médio possuem muita dificuldade em geometria plana e que a dificuldade de entendimento é mais acentuada ainda quando diz respeito à geometria espacial. Voltando a atenção para esse detalhe que é de substancial importância para o entendimento de vários conceitos do conteúdo formal, é ainda mais preocupante aos professores que pretendem tratar assuntos de astronomia e física moderna com seus alunos de ensino médio. Nesse objetivo de construções mais abrangentes de Física, abordamos a concepção de espaço. O espaço, tratado em diferentes etapas do curso de física, dificilmente leva a considerações tridimensionais (x,y e z) e ao se abordar assuntos de astronomia, evidentemente há um considerável prejuízo para a formação dos estudantes. Consideremos algumas idéias básicas sobre espaço tratadas em sala de aula,a queda de uma maçã de uma altura de 20 m do solo, por exemplo. Temos inicialmente, num tempo t0 = 0, a velocidade nula v0 = 0 e considerando a aceleração da gravidade g = 10 m/s/s, a medida que o tempo vai passando, a altura entre a maçã e o solo vai diminuindo e é possível calcular isso com a expressão H = 5.t^2. podemos construir um gráfico cartesiano, pois após 1 s de queda a altura será de 5 m e em 2 s ela toca o solo, pois H = 5.4 = 20 m. Pensemos um pouco sobre o que representa isso. A maçã ocupa uma posição no espaço, cuja altura é 20m num espaço tridimensional, mas como o movimento de queda da maçã ocorre em uma direção vertical, ou seja em apenas um dos eixos e possuímos suas coordenadas de tempo e espaço, podemos montar um gráfico. Nesse gráfico, relacionamos a queda da maçã no espaço e no tempo, embora saibamos que as coordenadas de espaço são três (x,y e z) e estamos usando apenas um dos eixos (o eixo y) para representá-las. O que é o tempo então, já que ele é uma coordenada (o eixo x) para localizarmos a maçã durante sua queda, e formaliza o evento "queda da maçã"? O tempo é a quarta dimensão. Sendo nós seres tridimensionais, podemos entender e visualizar coisas que um ser bidimensional não poderia, podemos (e usamos em física) a regra da mão esquerda para “sair” de um plano bidimensional, por exemplo. Da mesma forma podemos imaginar experiências quadridimensionais, mas a dificuldade é grande. Einstein conseguiu imaginar um mundo quadridimensional, ele foi um gênio, pois além disso propôs na Teoria Geral da Relatividade que o espaço é curvo. Séculos após Galileu e Newton, surge a idéia revolucionaria de Einstein para queda dos corpos. Ele percebeu que a massa inercial (dificuldade de um objeto tem de acelerar por ação de uma força) e a massa gravitacional (massa que um corpo tem quando está num campo gravitacional) são equivalentes. A idéia de Einstein era que para uma pessoa que está fechada numa nave espacial, não é possível dizer se está em repouso num campo gravitacional ou se esta em movimento acelerado no espaço. Este princípio chamado princípio da equivalência levou Einstein a descrever a gravidade não como uma força mas sim como conseqüência da curvatura que o continuum espaço-tempo sofre na presença de massa (de um corpo). A grande novidade introduzida por ele nessa teoria, chamada Teoria Geral da Gravidade, é que a mera presença de matéria no espaço muda as propriedades desse espaço, As linhas do Universo dos observadores em queda livre serão as geodésicas deste espaço-tempo curvo. Assim estava criada a teoria mais importante da cosmologia atual e o caminho para previsões surpreendentes tais como a existência de buracos negros e a expansão do universo. |
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