Plutão irá se vingar de nós?
Contudo,
no final do século XIX, Netuno apresentava anomalias semelhantes às
observadas em Urano. Surgia boatos da existência de um novo planeta
ainda mais distante, que pudesse explicar as perturbações observadas.
Esse novo planeta começou a ser procurado no começo do século passado,
quando Percival Lowell construiu um observatório no Arizona (EUA). Ele
foi visto 16 vezes, mas somente em 1930 foi descoberto, por Clyde
Tombaugh (15 anos após a morte de Lowell). Era o primeiro planeta
descoberto por astrônomos dos EUA, portanto uma grande repercussão
aconteceu no país. Nomeado Plutão, o planeta a partir de então se
tornaria alvo de muitas polêmicas.
Pouco
tempo depois, notou-se que o planeta recém-descoberto não possuía massa
para causar as anomalias observadas em Netuno. Pelo que se sabia até
então, Plutão era pequeno e rochoso, e somente um gigante gasoso poderia
causar as perturbações.
Após muito
tempo, e muitos debates, os pesquisadores observaram que Plutão possuía
uma órbita anormalmente inclinada e ovalada. Isso fazia com que o
planeta cruzasse a órbita de Netuno, se tornando o oitavo planeta do sistema solar ocasionalmente.
Nos
anos 70, objetos tão grandes quanto Plutão foram descobertos, ameaçando
sua classificação como planeta. Mas em 1978, pesquisadores descobriram
uma lua no planeta, denominado Caronte, eliminando qualquer chance de o
planeta não ser classificado como tal.
Todavia,
em 2005, a equipe de astrônomos liderada por Mike Brown descobriu Eris,
corpo com tamanho semelhante ao de Plutão, mas com uma massa 27% maior.
Então, se Plutão era um planeta, Eris também deveria ser. Inicialmente,
a NASA o considerou como sendo o décimo e último planeta do sistema
solar. No entanto, a União Astronômica Internacional (órgão mundial que administra a
astronomia, catalogando novos corpos celestes, padronizando constantes,
entre outros) não aprovou a ideia. Isso porque a cada semana novos
corpos eram descobertos, com o avanço dos telescópios. Uma avalanche de
planetas estava sendo descoberta para além da órbita de Netuno. No mesmo
mês que Eris foi descoberto, astrônomos descobriram mais outros dois
planetas: Makemake, Haumea e Ceres.
Para
evitar que o sistema solar ganhasse novos planetas a cada descoberta, a
União Astronômica Internacional, em uma conferência na
República Tcheca, criou uma nova definição de planetas. Plutão, Eris,
Makemake, Haumea e Ceres foram rebaixados da elite planetária. Agora
eram planetas-anões.
Isso gerou muitas discussões. As equipes de astrônomos responsáveis por essas descobertas protestam até hoje, sem êxito.
A vingança de Plutão
E
sete anos após ser rebaixado, Plutão parece querer se vingar. Ainda em
2005, os astrônomos descobriram duas novas luas em Plutão: Nix e Hydra.
Em 2011 e 2012, duas novas luas também foram descobertos, além de vários
anéis que orbitam o planeta. Ao todo, Plutão possui 5 satélites, e um
sistema de anéis, embora não tão elegante quanto o de Saturno. Plutão
estaria montando seu próprio “sistema planetário”? A piada perdeu a
graça quando os pesquisadores notaram que havia um pequeno problema
nisso tudo. Existe uma sonda a caminho do planeta viajando a 48 mil
quilômetros por hora.
Quando a New
Horizons foi lançada, os pesquisadores imaginavam que Plutão possuía
somente uma lua, ou seja, a missão foi planejada de um modo bem
diferente daquilo que era pra ser.
Como
não há mais volta, a equipe responsável pela missão está fazendo de
tudo. Desde complexos cálculos até avançadas simulações computadorizadas
para impedir que um investimento de bilhões de dólares não seja em vão.
Para piorar ainda mais a situação, não se sabe a posição exata dessas
novas luas descobertas, portanto todo cuidado é pouco para evitar uma
colisão da sonda com um delas.
A
sonda chegará ao planeta (inteira ou não), daqui a 2 anos. Os planos
forma revistos, e se chegar com sucesso até próximo de Plutão, ela
deverá sobrevoar a superfície em uma distância de 10 mil quilômetros.
Segundo os engenheiros da NewHorizons, somente 10 dias antes do início
da passagem, manobras deverão ser definidas. Tudo isso controlado a
quase 6 bilhões de quilômetros de distância.
Será que Plutão está querendo “se vingar” de nós?
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