Descoberta na Groenlândia a maior cratera da Terra provocada por asteroide há 3 bilhões de anos
- Sáb, 30 de Junho de 2012 21:56
- Osmairo Valverde da redação de Brasília
Uma cratera com 100 quilômetros de largura foi encontrada na
Groenlândia, resultado de um impacto de asteroide maciço há bilhões de
anos.
A cratera mais antiga conhecida pela ciência, antes dessa nova
descoberta, data de 2 bilhões de anos. A chance de encontrar outra
cratera ainda mais antiga era considerada relativamente baixa.
Agora, uma equipe de cientistas do Geological Survey of Denmark and Greenlan (GEUS) em Copenhagen associada com a Cardiff University, Lund University na Suécia e o Institute of Planetary Science
em Moscou, Rússia, contrariou completamente as expectativas que diziam
ser improvável encontrar uma cratera ainda maior e mais antiga.
Localização da cratera em Maniitsoq, Groenlândia. Foto: Reprodução/GEUS
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As crateras que vemos sobre a Lua são resultados de impactos com
asteroides e cometas há 4 bilhões de anos, em média. A Terra primitiva,
com sua massa gravitacional muito maior que a atual, deve ter
experimentado colisões catastróficas.
Na sequência de um programa detalhado de campo, financiado pela GEUS, a
equipe descobriu os restos de um gigantesco impacto há 3 bilhões de
anos, perto da região de Maniitsoq, oeste da Groenlândia.
“Esta
única descoberta significa que podemos estudar os efeitos da deformação
de crateras na Terra há 1 bilhão de anos antes do que imaginávamos”, segundo o Dr. Iain McDonald, da Cardiff University, em declaração ao portal DailyMail.
É possível que o asteroide tenha atingido o mar porque as rochas
preservadas foram intensamente alteradas pela circulação de fluidos
quentes. Estes fluidos foram, provavelmente, derivados da água do mar
que teria sido capaz de penetrar profundamente na crosta terrestre
através de fissuras e zonas de esmagamento provocadas pelo impacto.
Boris A. Ivanov do Instituto de Ciências Planetárias na Rússia realizou
uma série de cálculos provisórios que sugerem que o asteroide possuía
30 quilômetros de diâmetro.
Se esse asteroide tivesse atingido a Lua, a estrutura da cratera final
teria um diâmetro superior a 1.000 quilômetros e seria facilmente
visível da Terra. No entanto, devido à gravidade muito maior de nosso
planeta, a estrutura em Maniitsoq pode ter tido um diâmetro inicial de
500 a 600 quilômetros.
Se um impacto como esse ocorresse hoje na Terra, as consequências
poderiam levar à morte de um grande número de espécies, incluindo o
homem, boa parte das plantas e animais de pequeno, médio e grande
porte.
Há 3 bilhões de anos não havia muita vida para extinguir, mas os
cientistas estão estudando para entender os efeitos globais do impacto,
como tsunamis gigantescas.
Encontrar provas da existência da cratera foi o mais difícil porque não
há crateras em forma de tigela em locais óbvios de se observar. Ao
longo dos 3 bilhões de anos, a Terra sofreu modificações que reduziram o
nível da superfície do planeta em 25 quilômetros comparado com a
superfície original.
Todas as peças externas da estrutura do impacto foram removidas, mas os
efeitos da intensa onda de choque impactou tão profundamente a crosta
que é possível encontrar provas bilhões de anos depois. Até hoje, não
existe registros de nenhuma outra cratera que tenha provocado danos tão
profundos na crosta terrestre.
Efeitos de impactos de asteroides neste nível nunca foram observados
antes e foi resultado de 3 anos árduos de trabalho para reunir provas.
Existem cerca de 180 crateras de impactos descobertos na Terra e 30%
delas contêm importantes recursos naturais de minérios, petróleo ou
gás. A maior e mais antiga cratera conhecida, antes do atual estudo,
possui 300 quilômetros de diâmetro e está localizada na África do Sul.
O Dr. Mcdonald acrescentou: “Levou
3 anos para convencer nossos colegas da comunidade científica sobre a
descoberta. Uma empresa canadense está utilizando nossos modelos do
impacto para explorar depósitos de níquel e metais como a platina em
Maniitsoq desde outubro de 2011”.
A equipe internacional foi liderada por Adam Garde, cientista sênior do
GEUS. O primeiro trabalho científico sobre a descoberta foi publicado
na revista Earth and Planetary Science Letters.
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